Como tudo começou:
Na primeira metade do século XIX, estudiosos notaram que as propriedades das substâncias químicas não dependem unicamente de sua composição, mas também do arranjo espacial dos átomos dentro da molécula. Foi a partir dessa concepção que nasceu o termo Isomeria.
Definição de Isomeria: fenômeno relacionado à existência de duas substâncias que possuem a mesma fórmula molecular, mas apresentam estruturas e propriedades diferentes.
Os primeiros isômeros identificados: fulminato de prata e cianato de prata. Os químicos Justus von Liebig e Friedrich Wöhler foram os responsáveis pela descoberta, por volta do ano de 1824.
Fórmulas moleculares: Fulmanato de prata (Ag-CNO), cianato de prata (Ag-NCO).
Repare que os compostos possuem mesma fórmula molecular, mas o rearranjo dos átomos se difere em cada caso.
A definição oficial para este fenômeno foi criada posteriormente, no ano de 1830, pelo químico Berzelius. Ele observou que na obtenção do ácido tartárico originavam-se duas formas diferentes, com composição e fórmulas idênticas, mas que se distinguem pela posição dos átomos na molécula. E a partir daí criou-se o termo e definição para “Isomeria”.
O termo Isomeria vem do grego (iso = mesma(s); meros = partes). Partes iguais para transmitir a ideia de “mesma composição”.
A Isomeria é o fenômeno pelo qual duas substâncias compartilham a mesma fórmula molecular, mas apresentam estruturas diferentes, ou seja, o rearranjo dos átomos se difere em cada caso.
O fenômeno ocorre principalmente em compostos de carbono, considerando a variedade de substâncias orgânicas presentes na natureza. A tetravalência do carbono permite formar longas cadeias estáveis e com múltiplas combinações. Eis aí a questão-chave da Isomeria - o estudo das diferentes probabilidades de existência de compostos com mesma fórmula molecular.
Isomeria em cadeia cíclica:
A Isomeria em compostos de cadeia cíclica ocorre quando os mesmos apresentam grupos ligantes diferentes em pelo menos dois carbonos do ciclo, como mostra o esquema:
a, b, c, d são grupos ligantes distintos entre si. Exemplo de isômeros cis-trans:
Isômero cis: Isômero trans:
Nesse caso existem três ligantes distintos: CH2, H, Br.
Isomeria geométrica em cadeia cíclica
Cis-1,2- dimetil ciclopentano trans-1,2- dimetil ciclopentano
Observe que ambas as estruturas apresentam fórmula molecular idêntica, a diferença está apenas na posição dos grupos ligantes CH3. Dizemos que essa diferença só pode ser percebida através da fórmula estrutural espacial (tridimensional), portanto, esta é uma Isomeria geométrica em cadeia cíclica.
Isomeria espacial:
Isômeros são compostos que possuem a mesma fórmula molecular, mas se diferenciam na fórmula estrutural.
Na Isomeria espacial a diferença das fórmulas estruturais só é perceptível através da análise espacial da molécula. Há dois tipos de isomeria espacial: geométrica (cis-trans ou Z-E) e óptica.
• Isomeria geométrica: os compostos abaixo são classificados como isômeros geométricos em virtude de suas estruturas espaciais. Só é possível perceber essa isomeria se considerarmos as moléculas num plano imaginário, veja como:
Isômero Cis Isômero trans
As ramificações – CH3 (carbono na cor azul) estão em posições diferentes na molécula: no isômero cis, elas se posicionam do mesmo lado, e no isômero trans, ocupam lados opostos.
Repare que os isômeros possuem a mesma fórmula molecular como também a mesma fórmula estrutural plana, tendo como fator de diferenciação apenas a fórmula estrutural espacial.
Exemplo:
cis-2-buteno trans-2-buteno
O prefixo “Cis” pode ser representado pela letra Z e “Trans” pela letra E. Dessa forma temos: Z-2-buteno (hidrogênios do mesmo lado), E-2-buteno (hidrogênios em lados opostos).
• Isomeria óptica: está associada ao comportamento das substâncias submetidas a um feixe de luz polarizada obtida quando a luz natural, não polarizada, atravessa um polarizador.
Essa definição “um tanto quanto complicada” traduz a ideia de que algumas substâncias têm a propriedade de desviar o plano de vibração da luz polarizada, elas são, por isso, denominadas de isômeros ópticos.
Como o desvio do plano de vibração pode ocorrer em dois sentidos, temos a classificação:
Isômero dextrogiro (d): desvio para o lado direito
Isômero levogiro (l): desvio para o lado esquerdo
Aparelho polarímetro: análise de uma amostra dextrogira.
Exemplo de isômeros ópticos: ácidos lácticos
Ácido levoláctico Ácido dextroláctico
Ambos provocam o mesmo desvio angular, porém em sentidos opostos. Ao olharmos estas duas estruturas vemos que são quimicamente e fisicamente iguais, mas fisiologicamente são diferentes. Como se faz a distinção entre elas? Como se tratam de isômeros opticamente ativos usamos a classificação dextrogiro e levogiro. As letras “d e l” são usadas na nomenclatura:
Ácido levoláctico → ácido l-láctico: presente na fermentação de açúcares.
Ácido dextroláctico → ácido d-láctico: presente nos músculos.
Por Líria Alves
Graduada em Química
Equipe Brasil Escola